Cruzando fronteiras
Já faz um tempo que a Gabriela queria colocar a sua história aqui, mas nunca soube como começar a escrever. Às vezes, ela pensa que o seu romance parece um filme — e, quando fala em filme, ela lembra do seu cinéfilo favorito.
O Jacob — ou Jake, para os íntimos —, é uma pessoa visual. Ele estudou cinema na faculdade, ama filmes, e adora comprar quadros pra decorar a casa.
- Inclusive, os dois têm um cartaz do Pulp Fiction na parede da sala, o filme preferido dele.
Na faculdade, o Jake percebeu que não seria fácil conseguir um emprego na indústria cinematográfica. E aí conseguiu uma bolsa de estudos pra fazer um mestrado na China, e descobriu que queria ser professor.
Já a Gabriela, é uma pessoa mais auditiva. Gosta de ouvir podcasts, aprender línguas novas, descobrir a etimologia das palavras, e acredita que a nossa forma de falar influencia a nossa visão do mundo.
Ela estudou comércio exterior na faculdade, e decidiu ir pra China porque pensou que seria bom pra sua carreira. Afinal, estamos falando do país que mais exporta no mundo.
- Os caminhos da Gabi e do Jake se cruzaram nessa universidade. Um americano e uma brasileira na cidade de Hangzhou, na China.
Ele disse que viu algo de especial nela no primeiro encontro, e sentiu medo. Mas era um medo bom.
Ela, como boa brasileira, amou aquele jantar no buffet. Parecia que estavam em uma sinfonia harmônica, quando iam em estações diferentes e sentavam na mesa pra compartilhar os pratos que tinham escolhido.
Estavam saindo por quase 2 meses, mas ele tinha uma viagem marcada pelo Sudeste Asiático, e a convidou pra encontrar com ele na Tailândia.
Essa foi a vez da Gabriela de sentir medo. Ela mal conhecia ele, mas já se sentia tão próxima. Depois de ouvir o conselho de uma amiga — “só se vive uma vez” — resolveu arriscar.
- Ela foi, e aí que começa a parte mais emocionante da história: a pandemia chegou, e eles tiveram que esperar por lá.
Pensaram que logo ia passar, mas, depois de 3 meses, ainda estavam na Tailândia. As aulas deles na China foram canceladas, e cada um seguiu seu rumo: ela pro Brasil, ele pros Estados Unidos.
Antes da Gabriela ir embora, o Jake disse “eu te amo” pela primeira vez. Ela tentou ser forte, e afirmou que não valeria a pena continuar tentando. Ele respondeu que essa história não ia acabar ali.
Depois disso, foram meses conversando por mensagens e vídeo chamadas. Em agosto de 2020, o Brasil abriu fronteiras pra estrangeiros, e o Jake comprou passagem pro dia 01 de janeiro de 2021.
- Ele trabalhava remoto, ela ficava no modelo híbrido. A Gabriela amava quando os dois estavam em casa, e conseguiam trabalhar juntos.
Moraram juntos por 6 meses, que era o máximo de tempo que ele poderia ficar como turista no Brasil.
Voltaram se comunicar por vídeo e mensagens. Dessa vez, ficaram separados por uns 8 meses.
Até que ele voltou pro Brasil pra mais uma temporada. Passado o prazo do visto, novamente, não poderiam ficar mais juntos no mesmo país — mas isso nunca foi uma barreira pra eles.
- O Jake foi pro Paraguai, e ela cruzou a fronteira pra encontrá-lo no final de semana. Na verdade, cruzar fronteiras virou o hobby dos dois.
A Gabriela conseguiu aprovação pra trabalhar remoto por um tempo, e eles começaram a viajar juntos pela América do Sul. Foi Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia e Equador.
Eventualmente, ela teve que voltar pro escritório no Brasil, e ele para os Estados Unidos. Dessa vez, ficaram separados por menos tempo, até que ela foi pra lá visitá-lo.
Conheceu os amigos de infância do Jake e o seu avô, que disse que daria a benção para os dois se casarem. Com essa “aprovação”, o Jake foi para o Brasil pela terceira vez.
Durante esse tempo, sua família marcou presença na pequena festa que chamaram de “esquenta do casamento”. A barreira linguística não foi um problema, e todo mundo conseguiu se comunicar de alguma forma.
- Juntos, eles dançaram, cantaram e celebraram o amor. Para a família do Jake, as estrelas de maior sucesso foram coxinha e caipirinha.
Mesmo não sendo muito bom na língua, ele se esforçou pra conversar com a família da Gabriela, aprendeu a oferecer um “cafezinho” e passou a chamar seus pais de “pai e mãe do Brasil”.
O Jacob vê beleza nas diferenças culturais e se adapta com facilidade. Ele também quis comprar uma panela de pressão, porque descobriu que feijão pode ser muito bom — quando não é enlatado.
Em março desse ano, eles se casaram em Las Vegas. Depois de viver em tantos lugares do mundo, a Gabriela afirma com convicção de que nenhum deles supera o abraço do Jacob.
Agora, não precisam mais se preocupar com vistos e fronteiras, mas ainda ficam na expectativa: qual será a segunda parte desse filme?
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