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Gean Ramos

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As coisas mais leves

As coisas mais leves

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento…

Esse poema é do Mario Quintana — que já apareceu algumas vezes por aqui —, e ficou conhecido como “poeta das coisas simples”.

  • Seguindo a fama, ele começa o texto dizendo que “as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar”.

Qual a lembrança mais marcante da sua infância? Qual comida tem sabor da casa da sua avó? Qual a memória mais antiga que você tem com seus amigos? Qual amor você nunca esqueceu?

Mesmo que os filmes e livros enalteçam os grandes momentos, se você parar pra pensar, vai ver que são os detalhes mais sutis e banais que acabam marcando a nossa vida.

Seja um estribilho antigo ou um carinho no momento preciso. O folhear de um livro de poemas ou um cafuné numa tarde de domingo. Um pé enroscado na preguiça ou um abraço apertado de saudade.

  • Um cheiro de café ficando pronto ou do bolo de fubá saindo do forno. Um cheiro de pele que é ainda mais gostoso do que de perfume.

E é nesse cheiro e nesse toque que a gente escolhe ficar. É nesse enroscar de mãos e no silêncio compartilhado. É na risada despretensiosa e no cuidado com os detalhes da rotina.

Ainda que os grandes gestos tenham lá o seu lugar, Martha Medeiros já dizia pra gente guardar “apenas o que tem que ser guardado: lembranças, sorrisos, poemas, cheiros, saudades, momentos.”

No fim, a gente descobre que a felicidade é simples. A gente descobre que tudo que é pesado o vento leva. Finalizando com as palavras da Adélia Prado, “o que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível”.