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Gean Ramos

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Alegria do Reencontro

Alegria do Reencontro

“Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. De alguma forma, a gota de chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora. Morte e ressurreição. Na dialética do amor, a própria dialética do divino. Quem não pode suportar a dor da separação, não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não se tem nunca. É evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro”.

O trecho acima faz parte do texto “Onde mora o amor”, de Rubem Alves, que foi um famoso teólogo, psicanalista e escritor brasileiro.

  • Mostrando a dualidade do sentimento, ele já começa a obra citando Adélia Prado, que diz que “amor é a coisa mais alegre. Amor é a coisa mais triste”.

Seguindo essa mesma ideia, tem um outro texto dele, que também já apareceu por aqui, chamado “Ostra feliz não faz pérola”.

Na obra, ele relembra que a pérola nasce, na verdade, depois de uma agressão à ostra. Pra se proteger de um invasor, ela libera um material que vai formando camadas, até se transformar em uma pérola.

Saindo da parte metafórica, na vida real, dar uma chance para o amor é também se expor ao risco do sofrimento. E, assim como a ostra, é natural que a gente tente se proteger da dor.

Seja colocando o sentimento embaixo do tapete, ou simplesmente fingindo que ele nunca existiu. Se anestesiando, tomando remédios, ou preenchendo a falta com uma rotina agitada.

  • Mas, como bem disse Rubem Alves, “quem não pode suportar a dor da separação, não está preparado para o amor”.

Ainda que essas válvulas de escape consigam amortecer a dor, elas não a resolvem. E o sofrimento fica lá, escondido, criando uma espécie de “capa dura”, que nos faz afirmar com convicção: eu nunca mais vou amar de novo.

Mas, pra virar pérola, a gente precisa receber a dor e aceitá-la. Senti-la por inteiro, e só então ter coragem de construir algo melhor. Mais bonito. E com mais amor.

Seja investindo em uma relação que está desgastada, reconstruindo o passado, ou se abrindo pro novo, “o amor aparece quando quer”. Mas, pela alegria do reencontro, “vale a pena suportar a dor da ausência”.